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JESUS BOM PASTOR
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Metadados
Miniatura

Title
JESUS BOM PASTOR
Description
Peça de argila modelada à mão, com camada pictórica em tinta a óleo, representando a imagem de Jesus Bom Pastor. Figura masculina de pele clara, cabelos pretos no comprimento dos ombros, olhos abertos pretos, boca fechada, não aparente, com barba cerrada preta, corpo ereto e os braços estão abertos, Veste uma túnica amarela comprida, com arremate na cor branca na barra e um cordão cingido à cintura da cor dourada e um manto azul com forro na cor salmão, com arremate na cor dourada. Os pés estão descalços sobre uma base quadrada, na cor verde, representando um gramado, possui duas ovelhas, uma na lateral direita e outra na esquerda, ambas na cor branca. O tronco no qual a figura está amarrada não possui ramificações.
Número de registro
2009/005/013
Largura (cm)
12
Altura (cm)
20
Localização
Forma de aquisição
Data de aquisição
1 de janeiro de 2006
Procedência
Peça anexada ao MASMT através de doação
Estado de conservação
Observação
O Artesão Clínio de Moura Nascido em Várzea Grande, na margem direita do rio Cuiabá, em 1928, no tempo em que a navegação fluvial era o meio de transporte mais prático para se comunicar com outras cidades do Estado ou com a capital federal, Clínio iniciou sua vida trabalhando desde jovem, assim, entre meados dos anos 40 e 50, o jovem Clínio foi marinheiro embarcadista, com carteira da Marinha Mercante, a serviço de companhias de navegação (GATTASS&CO), fazendo a rota Cuiabá/Corumbá/Cuiabá, a levar matérias-primas e trazer mantimentos. Orgulhoso da lida poderia ser marinheiro pelo resto da vida se não fosse o serviço de navegação fluvial entrar em decadência a partir da década de 1950, com o advento das estradas de rodagem. E, não fosse também, ter se apaixonado e se casado com Biuína Moraes, moça nascida e criada em São Gonçalo, comunidade ribeirinha de pescadores, ceramistas e artesãos, situada na margem esquerda do rio Cuiabá, a partir da foz do rio Coxipó. Casando-se com D. Biuína, aos 12 de setembro de 1953, Clínio passa a viver em São Gonçalo, onde aprendem os rudimentos de cerâmica por meio da esposa e da sogra, D. Isabel Juliana. Desde quando começou a moldar a argila, Clínio desenvolveu uma expressão diferente daquela praticada pelas mulheres, que se dedicavam centenariamente à produção de vasilhas utilitárias, entre potes, panelas e moringas. Clínio moldava figuras como santos, animais, personagens, individuais e em grupos, inspirados no universo ribeirinho. Grupos de violeiros, de cururueiros, casais dançando são exemplos de sua arte. Biuína e Clínio experimentaram peças maiores, famílias de codornas com expressivo detalhamento das penas. Não é à toa que o seu trabalho desperta a atenção. Ele aprendeu a modelar com a esposa, que vem de uma família de artesãos. São mais de 50 anos dedicados ao desenvolvimento de esculturas em barro. Um dos mais antigos artesãos de Cuiabá suas peças representam o dia-a-dia do homem do campo. Porém, em vez de vasos, ou travessas, ele começou a modelar pássaros, jacarés, canoas, galinhas de angola, o carro de boi, presépios ou desenhos desdobrados no barro evidenciando a paisagem da região de São Gonçalo Beira Rio, local onde residiu até sua morte. Descobriu que podia fazer o que quisesse com as mãos. Artista popular e anônimo, ele não assinava o trabalho. Suas esculturas estão espalhadas por diversos Estados. Trabalhou na Marinha Mercante durante oito anos, passou uma temporada trabalhando na roça e só mais tarde descobriu na arte uma forma de extravasar o talento e um modo de ganhar a vida. Suas esculturas são delicadas, desenvolvidas com muita paciência. Para preparar as peças o Sr. Clínio tinha todo um ritual: em primeiro lugar era preciso pegar uma canoa, ir até uma barranca buscar a matéria prima, depois separar o barro, peneirar e dividir o material. Para dar consistência o ideal era misturar os cacos (sobras). Passava horas em sua cadeira, com um canivete na mão acertando algum detalhe que podia prejudicar a beleza da peça. E, logo em seguida, o forno de lenha no fundo do quintal fazia a queima das peças. O seu trabalho é diferente, nenhuma peça por mais parecida que seja, é igual. É isso que caracteriza suas obras. Sua devoção era tudo que o cercava. Talvez por isso suas esculturas religiosas agradem tanto aos olhares. “Seo Clínio” moldou na argila o cotidiano da comunidade de São Gonçalo Beira Rio, seus costumes, suas crenças, carregando de significados suas peças, que se destacam pela originalidade de seus traços em vários tamanhos. Clínio e Biuína deixaram oito filhos: Ozita Cláudia, Júlio, Neuza, Nilce, Maria de Lourdes, Maria Terezinha, Sidney e Ozil que herdaram o ofício dos pais. “Seo Clínio” nasceu no dia 18 de maio de 1928 e faleceu de uma parada cardíaca enquanto descansava na manhã de 24 de abril de 2008. Seu nome ficará gravado em nossa história, pois um mestre não se perde se eterniza por suas obras.